Ali Fuad

Ali Fuad: A Ascensão do Diretor Emiradense em Dois Documentários

Ali Fuad: O Jovem Cineasta Emiradense que Está Fazendo História

Aos 22 anos, o cineasta Ali Fuad está conquistando a carreira que sempre sonhou, enquanto assistia a filmes no Festival Internacional de Cinema de Sharjah para Crianças e Jovens. “Participo desde os 16 anos”, conta ele. “Eu assistia às exibições e sessões de perguntas e respostas com cineastas e me dizia: ‘Um dia, serei eu ali.’”

Neste ano, Fuad entra em um novo ciclo, apresentando duas documentários na seleção oficial do festival: “Oh Yamal”, uma reflexão sobre o passado da pesca de pérolas nos Emirados Árabes Unidos, e “Guardians of the Mountains”, que explora tradições tribais preservadas por milênios.

A Importância do SIFF na Trajetória de Fuad

Para Fuad, o Festival Internacional de Cinema de Sharjah (SIFF) vai além de uma plataforma expositiva; é uma verdadeira ponte para sua carreira. Em 2021, ele atuou como jurado júnior, uma experiência que considera fundamental para afiar seu olhar crítico. “Nos trataram como jurados profissionais”, lembra com carinho. “Aprendemos a questionar o porquê de um filme ser bom ou ruim. Essa confiança em interagir com cineastas, mesmo aos 18 anos, me fez crescer muito.”

Dois anos depois, ele estreou “Office War”, um curta-metragem satírico feito como parte de seu curso na Universidade Middlesex, em Dubai. “Ver seu filme na tela grande, com dezenas de pessoas rindo e fazendo perguntas, é um sonho realizado”, relata. “Percebi que não se trata apenas de fazer filmes, mas de conectar-se com o público. Esse amor pela interação cresce com o tempo.”

Desvelando Histórias Não Contadas

As obras que Fuad apresenta no SIFF 2025 seguem sua missão de destacar histórias locais dos Emirados que costumam ser esquecidas. “Oh Yamal” revisita a história dos mergulhadores de pérolas, cujos trabalhos sustentaram a economia dos Emirados antes que a riqueza do petróleo se tornasse sinônimo da região. “Crescemos ouvindo essas histórias, mas não havia filmes sobre elas”, explica. “Queria que as pessoas lembrassem da resiliência de nossos ancestrais, do perigo do mar, dos meses longe das famílias e dos sacrifícios feitos.”

O cineasta busca retratar a perigosa realidade dos mergulhadores pelo prisma da música que os acompanhava. “Não queria focar apenas nas dificuldades”, observa. “As músicas carregavam o espírito deles. Eram essas canções que mantinham os mergulhadores resilientes e seguindo em frente.”

Fuad compara os cânticos a um arquivo ancestral, cujas vozes ainda ecoam séculos depois. “Você não precisa entender as palavras”, enfatiza. “As emoções falam por si só.”

Em “Guardians of the Mountains”, ele volta seu olhar para a tribo Shihuh, que vive nas montanhas na fronteira entre os Emirados e Omã. O dialeto da tribo, virtualmente inalterado por dois milênios, apresentou desafios até mesmo para Fuad. “Quando visitei pela primeira vez, pensei: ‘Ainda estou nos Emirados?’ Tradicionalmente, eles são completamente diferentes”, comenta.

Seus nervos iniciais deram lugar a uma profunda confiança. Os locais o receberam calorosamente, enxergando seu filme como parte de um esforço para preservar e transmitir sua cultura. Para Fuad, essa generosidade transformou o projeto em uma tarefa de responsabilidade cultural, onde ele se tornou o portador das vozes Shihuh.

Da “Lente Mágica” à Formação na Middlesex

A paixão de Fuad pelo cinema começou aos 15 anos com “Lente Mágica”, um curta produzido pelo programa de Obras-primas do Ministério da Educação dos Emirados. “Era algo feito principalmente por diversão”, admite, mas isso acendeu um amor duradouro. “Foi a partir daí que soube que queria contar histórias da minha cultura e do meu ambiente.”

Posteriormente, ele estudou na Escola de Cinema de Varsóvia, onde teve a oportunidade de aprender com veteranos da indústria, envolvidos em grandes produções europeias e de Hollywood. “Apesar de ter sido apenas um ano, senti como se tivesse vivido três ou quatro anos de experiência”, reflete. “Todo mês estava em um set de filmagem. Estar cercado por essa energia realmente me moldou.”

De volta aos Emirados, Fuad dirigiu comerciais e juntou-se ao programa do Estúdio de Cinema Árabe da Image Nation, onde aprendeu a lidar com as pressões de um set profissional. “Os comerciais são rápidos, caprichados e caros. O que aprendi foi a gerenciar uma equipe e lidar com essa responsabilidade”, observa. “Quando passei a fazer documentários, tudo parecia mais fácil: menos pessoas, menos equipamentos, mais tempo. Isso se tornava mais artístico.”

Perspectivas Futuras

Ali Fuad acredita que sua geração de cineastas emiradenses desempenha um papel essencial na preservação da identidade cultural em um mundo cada vez mais globalizado. “A nova geração está se afastando do árabe e das tradições locais”, alerta. “Por isso, é mais importante do que nunca fazer filmes dos Emirados, para arquivar essas histórias e garantir que não se percam.”

Seu objetivo definitivo é produzir um documentário de longa-metragem que registre a história dos Emirados, desde as tradições antigas até os dias atuais. “Quero que, ao entrar no cinema, todos saibam tudo sobre os Emirados: mergulho de pérolas, beduínos, agricultura, o deserto e o mar”, enfatiza.

Além disso, ele pretende explorar a ficção, buscando narrativas que possam ser bem diferentes de seu trabalho atual, um passo deliberado em direção a territórios desconhecidos, motivado pelo desejo de expandir suas habilidades de narrador.

Para Fuad, o SIFF é mais do que um simples vitrine; é uma plataforma de lançamento. Com o festival apostando em um mercado cinematográfico mais robusto e em novas oportunidades de networking, ele o vê como um espaço para encontrar colaboradores e construir um impulso sustentável em direção a projetos maiores. Estar nesse ambiente torna a ideia de dirigir um longa-metragem uma possibilidade mais próxima, menos um sonho e mais um próximo passo a ser dado.

Por enquanto, o cineasta celebra o momento. Tendo imaginado um dia estar no palco do festival, Fuad agora vê seus filmes ganhando destaque, compartilhando histórias profundamente pessoais com aqueles que o inspiraram no início. “Não esperava ter dois filmes selecionados”, admite. “Isso me motiva a continuar. Festivais como o de Sharjah fazem você esquecer os dias difíceis no set. Eles lembram a razão pela qual fazemos isso.”
 
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