Homenagem aos pais: uma emocionante história de amor e perda
Filme “Vida Após Siham” de Namir Abdel Messeeh em Exibição no Festival de Cinema do Cairo
O cineasta franco-egípcio Namir Abdel Messeeh apresenta seu novo longa-metragem, “Vida Após Siham”, na seção de Exibições Especiais do Festival Internacional de Cinema do Cairo, nos dias 19 e 20 de novembro. O filme recebeu apoio durante o desenvolvimento na Cairo Film Connection de 2021 e já foi exibido em festivais como IDFA, Turim e Marrakech.
Produção e Temática
“Vida Após Siham” é um documentário híbrido e autobiográfico produzido pela empresa de Messeeh, a Oweda Films, em coprodução com Camille Laemle e a Les Films d’Ici, baseada em Paris. O filme conta ainda com a colaboração de dois parceiros de produção egípcios: Ambient Light e Red Star, sendo distribuído pela Météore Films e com a Split Screen cuidando das vendas.
Após sua estreia mundial na ACID em Cannes, o filme passou por Zurich e recentemente conquistou o El Gouna Star Award de Melhor Documentário Árabe no Festival de El Gouna, no Egito.
A produção se conecta com a obra anterior de Messeeh, “A Virgem, os Copta e Eu”, que foi exibida em festivais como Cannes, Berlim e CPH:DOX, alcançando 112 mil ingressos vendidos na França. Ambos os projetos estão intrinsicamente ligados à história de seus pais, que foram forçados ao exílio na França na década de 1970, após a prisão do pai sob o regime de Nasser devido a suas filiações comunistas.
Explorando Memórias Familiares
Em “Vida Após Siham”, Messeeh se reúne com a memória de seus pais e investiga o poder do cinema para reviver recordações. O diretor compartilhou com uma publicação sobre o longa e o processo de desenvolvimento que levou mais de uma década.
Messeeh revela que após seu filme anterior, sua mãe expressou o desejo de trabalhar em um novo projeto. Porém, ao descobrir que ela estava com câncer avançado, Messeeh sentiu a urgência de filmar algo rapidamente, mas sua mãe faleceu em 2014. A partir daí, o cineasta decidiu registrar a funeral dela e algumas interações com seu pai, um processo que se tornou muito doloroso e interrompido por alguns anos.
A Evolução do Projeto
Inicialmente, Messeeh planejava incluir mais elementos fictícios, mas após três anos de desenvolvimento, ficou sem financiamento e quase desistiu. Entretanto, ao filmar novas cenas com seu pai, ele percebeu que não precisaria mais da ficção planejada, utilizando filmagens de arquivo para contar sua história.
A escolha de estrear em Cannes foi fundamental. O festival pediu uma versão preliminar e, ao aceitá-la, tudo acelerou. A recepção positiva em Cannes levou a ajustes finais antes de uma nova exibição em Zurich, onde o filme ganhou prêmios.
Impacto Pessoal e Reações do Público
A presença do pai de Messeeh é central no filme. Depois do funeral, ele filmou dias com seu pai, especialmente em um momento crítico onde aprendeu que ele estava prestes a falecer. O filme começa com a morte da mãe e termina com a aceitação da morte do pai, abordando temas como amor, despedida e a continuidade da vida, questões que ressoam profundamente com o público.
As reações das exibições têm sido emocionantes, com espectadores compartilhando que o filme os ajudou a lidar com suas próprias perdas. O diretor destacou a importância de exibir o filme no Egito, trazendo seus pais de volta ao país que tiveram que deixar, refletindo seu amor pela pátria, mesmo a distância.
O Papel dos Festivais e a Importância da Distribuição
Os festivais foram cruciais para o desenvolvimento do filme, proporcionando apoio psicológico e motivacional. Além do suporte financeiro de coproductores egípcios, Messeeh também investiu parte da herança de seu pai no projeto, validando sua jornada como um tributo à memória deles.
Camille Laemle, coproductora, foi fundamental para manter o equilíbrio durante a produção, especialmente com experiências pessoais compartilhadas entre a equipe. O uso de imagens arquivadas de filmes de Youssef Chahine foi outra estratégia que permitiu transformar os pais do diretor em heróis fictícios, honrando seu legado cinematográfico.
Expectativas para o Futuro
O Festival de Cinema do Cairo desempenha um papel vital na exibição de filmes para um público amplo e diversificado. Com a participação de espectadores de todas as origens, a possibilidade de discutir temas como amor e morte é um passo significativo em uma cultura onde muitas vezes esses tópicos são considerados tabu.
Com a expectativa de que o filme ressalte e revitaliza o interesse por cinema egípcio, Messeeh espera que sua obra não apenas homenageie sua família, mas também inspire o público a explorar filmes que refletem a rica tapeçaria da experiência egípcia.
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